Memórias do Círculo Cultural de Setúbal (IV)
A estrutura interna do CCS assentava em núcleos e secções que desenvolviam as actividades respectivas. Arqueologia e antropologia; Fotografia; Biblioteca; Teatro; Cinema, foram núcleos com iniciativas interessantes, passando por períodos de maior ou menor dinamismo, consoante a disponibilidade das pessoas que envolviam.
A secção escolar, criada fundamentalmente para trabalhadores estudantes, foi uma pedrada no charco, se tivermos em conta o panorama do ensino de então. O ensino pós laboral em Setúbal só existia na Escola Industrial e Comercial (que eu frequentava). O conjunto dos professores que asseguravam as aulas era constituído por sócios do CCS, que desempenhavam essa tarefa com elevada dedicação e profissionalismo, sem auferirem qualquer remuneração - era, como em tudo no CCS, pura militância associativa. Bem pôde o CCS orgulhar-se desta sua realização que foi a secção escolar.
Pessoalmente, para além de ter integrado a Direcção durante um mandato (cujo presidente foi o António Manuel Fráguas) participei no núcleo de teatro, colaborava na biblioteca, na impressão de documentos. Fiz um curso de iniciação à fotografia e assisti a uma infinidade de iniciativas.
A biblioteca do CCS ocupava um pequeno cubículo do sótão, e consistia numas escassas centenas de livros, que ajudei a organizar, nomeadamente o seu ficheiro.
A propósito de livros, recordo que pelo menos para mim, talvez mais importante que a biblioteca, o CCS propiciava os contactos entre sócios e o empréstimo de livros entre eles. Foi desta forma que tive oportunidade de ler muitas obras sem necessidade de comprar.