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divagares

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18
Jan09

APOIA-SE os antigos combatentes ou espera-se que morram?

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O prestigiado jornalista MÁRIO CRESPO publicou recentemente, uma crónica no JN, sobre ex-combatentes da guerra colonial. Pela sua importância, atrevo-me a incluir no divagares, alguns excertos dessa crónica:

 

"...Sucessivos governos têm aguardado que o problema dos antigos combatentes em geral e dos deficientes em particular se resolva por si. Na realidade é isso que tem acontecido. A morte prematura resolve com arquivamentos definitivos, um a um, processos protelados em burocracias complicativas, diligentemente alinhavadas para satisfazer expectativas orçamentais.. Têm-se inventado redefinições dos graus de invalidez. Reavaliado o que são situações de guerra e de combate. Tudo para conseguir roubar na assistência aos veteranos. Burocratas que não imaginam o que foram as décadas de desumanidade que gerações de jovens dos anos 60 tiveram que enfrentar decidem agora em termos de custo-benefício se vale a pena rubricar nos orçamentos as verbas necessárias, ou se é de aguardar mais uns anos até que os problemas naturalmente se apaguem."

"... O elevado número de antigos combatentes que padece hoje de uma forma particularmente virulenta de Hepatite C é uma dessas situações. São as vítimas directas das vacinações em massa sem seringas descartáveis, que eram norma nas Forças Armadas até bem dentro da década de 70. Centenas de milhar de jovens foram injectados nas piores condições sanitárias possíveis. Era usada a mesma seringa colossal de uns para os outros."

"...As hipóteses de contágio são máximas."

"...Este é só um exemplo de consequências ignoradas da guerra que são responsabilidade do Estada. Haverá milhares de vítimas mortais se se mantiver a ligeireza fútil e desumana como o problema tem sido encarado em democracia. Atitude que em nada se distingue da bestialidade com que, em ditadura, se enviaram gerações sucessivas de jovens para conflitos absurdos."

14
Jan09

DIAS DE NOJO E DE INDIGNAÇÃO

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Ontem foi um dia muito triste para mim. Foi sepultado o meu sogro - MANUEL JOÃO ANDRÉ. Fui o último familiar a vê-lo com vida, no hospital de Beja, já moribundo. Tive a percepção clara do seu fim - uma hora e trinta minutos depois, deixou de viver.

Saí de ao pé dele consternado. Vi um homem em sofrimento evidente, embora sereno, e comovi-me. Sempre o estimei e sei que ele me estimava. Era um homem bom. Leal. Não servil.

Nos seus últimos doze dias de vida, foi o protagonista de uma autêntica via sacra, entre a sua residência e o centro de saúde de Aljustrel - cinco vezes - e em cada uma delas foi mandado para casa, com medicação e a recomendação para se alimentar (se não come , usem uma seringa)!

Até que os familiares não se conformaram mais, recorreram ao INEM, que o conduziu à urgência do hospital de Beja, sábado 10 de Janeiro, cerca de 3 horas depois de ter sido "despachado"para casa pelo médico de serviço no centro de saúde de Aljustrel!

TROMBOSE DA MESENTÉRICA, é o que consta da certidão de óbito.Estou intrigado e indignado. Estou decidido a tentar esclarecer isto na sede própria.

07
Jan09

AMÁLIA, A MINHA DIVA

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Sou um fã fervoroso da Amália. Amália Rodrigues. Desde puto. Sou tolerante em tudo, no que a ela diz respeito. É minha convicção pessoal que ela não soube lidar com a questão do regime fascista. Já muitos anos depois do 25 de Abril, numa entrevista - salvo erro à revista do Expresso - confessou pateticamente a sua admiração por Salazar. Com isso faz-me "engolir em seco", como se diz lá na minha terra.

Contudo, o meu fascínio por ela nunca foi beliscado. Em matéria de divindades, só acredito nas terrenas. Amália era divina. É a minha diva de eleição!

Há pouco tempo li uma crítica de Jorge Leitão Ramos ao Amália o filme. Foi uma crítica que não me pareceu justa,

Fui ontem ao cinema do Campo Pequeno ver Amália o filme (uma projecção para cinco espectadores).Saí satisfeito. Porque foi um filme sobre a minha diva? Não apenas. Achei um trabalho asseado.

Longe de mim pôr em causa as opiniões dos especialista. Não sou crítico de nada em particular porque sou crítico de tudo, no sentido em que recuso ser acrítico.

Neste caso concreto sobre que estou a divagar, limito-me a assinalar dois pormenores que o JLR destaca como negativos. Um, a estatura do actor que não corresponde à corpulência do personagem, outro, os insultos dos populares no Coliseu dos Recreios. Ambos me parecem pormenores irrelevantes.

No filme, chamaram-lhe fascista no concerto do Coliseu. É verdade que logo após o 25 de Abril foi acusada de fascista, como é verdade que fez um concerto no Coliseu. Ambos os factos ocorreram, só que em ocasiões diferentes e com muitos anos a separá-los.

A propósito, lembrei-me do Amadeus, de Milos Forman. Este realizador pôs o Salieri a assassinar Mozart, o que, segundo investigações efectuadas por estudiosos insuspeitos, não corresponde à verdade histórica. Lembro-me de na altura da estreia ter lido críticas a esse filme, com referências a essa incongruência, mas aceitando-a do ponto de vista cinematográfico e tecendo rasgados elogios (justos a meu ver) à obra.

Não são comparáveis os dois filmes.

Gostei muito do Amadeus, apesar do desagrado com a injusta atribuição a Saliieri de um assassinato que não cometeu.

Gostei do Amália o filme, e aceito a solução encontrada pelos autores para mostrarem um facto real, que toda a gente recorda.

Uma última observação, O Cerdeira esteve muito bem no papel do banqueiro. Felicito os actores em geral pelo seu trabalho.

Amália. Vou agora voltar a ouvir o CD Segredo e curtir a voz sublime da grande DIVA.

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