O filho mais ilustre de Setúbal, Elmano Sadino. Poeta genial.

Muito, muito, muito mais que boémio e desastrado. Foi mal-amado mas simultaneamente admirado.

Satirizou com mestria os poderosos, foi o mais irreverente dos poetas portugueses.

Cantou com entusiasmo a Revolução Francesa, cantou enfim a Liberdade!

Vítima de politiquices, e de traições e invejas, foi perseguido e encarcerado a mando de Pina Manique.

Tergiversou algumas vezes em resultado de pressões e perseguições. É contudo, um Homem admirável que marcou indelevelmente o seu tempo. Se vivesse o nosso (tempo) seguramente estaria ao lado do Povo lutando contra os novos sinais de barbárie...

Eis o grande poeta Manuel Maria Barbosa du Bocage.

Magro, de olhos azuis, carão moreno,

Bem servido de pés, pequeno de altura,

Triste de cara, o mesmo de figura,

Nariz alto no meio, e não pequeno.

Incapaz de assistir num só terreno,

Mais propenso ao furor do que à ternura,

Bebendo em brancas mãos por taça escura,

De zelos infernais letal veneno.

Devoto incensador de mil deidades,

(digo de moças mil) num só momento,

Inimigo de Hipócritas e frades.

Eis Bocage, em quem luz algum talento.

Saíram dele mesmo estas verdades

Num dia, em que se achou cagando ao vento.