A propósito do texto que coloquei aqui há dias, acerca dos 65 anos do fim da II guerra mundial, o facto de ter referido o racionamento de géneros alimentícios, um amigo meu, na casa dos trinta anos, comentou junto de mim que estava a armar com essa do racionamento, argumentando com o facto de Portugal não ter entrado na guerra. Depois, face aos argumentos que usei para lhe explicar que estava enganado, rematou com um deixa-te de ficções!
Interroguei-me sobre o porquê deste grau de desconhecimento. Procurei saber o que dizem os manuais escolares do actual 6º. ano - não tive à mão aqueles que eram utilizados no tempo que o Francisco frequentou a escola - e lá encontrei sobre a II Guerra Mundial: "... Portugal beneficiou também do facto de não ter entrado na 2ª guerra mundial. Entre 1939 e 1945, vários países do Mundo envolveram-se na 2ª Guerra Mundial. Portugal manteve-se neutro, ou seja, não participou na guerra a favor de nenhum dos lados. Esta situação foi boa para o país porque conseguiu exportar muitos produtos para os países que estavam em guerra (...) . Parte do dinheiro conseguido pelo Estado foi aplicado em obras públicas. Salazar tentou desenvolver o país, construindo estradas, barragens, aeroportos e outros edifícios públicos, como escolas, hospitais, tribunais, Casas do Povo, etc..".
E pronto! Segundo este manual, Portugal dos anos da II guerra mundial era o melhor dos mundos e tinha um governante bestial! E a guerra foi até vantajosa, pois permitiu muito dinheiro para "desenvolver" o país!
A neutralidade salazarista tem muito que se lhe diga, só lembro o fornecimento à Alemanha de um minério estratégico, o volfrâmio... Neutralidade tal, que, quando os Povos da Europa rejubilavam com o fim da guerra - em Portugal ocorreram manifestações impressionantes - Salazar decretava luto nacional pela morte de Hitler.