Primeiro poema de amor
Lúcida, a manhã canta na tua voz de prata,
Meu amor perdido que a saudade aquece.
Na cidade exangue donde eu vim poeta
Lembro a voz do vento que hoje me entristece...
Lembro as tuas faces, meu amor ausente,
Que a lembrança guarda no seu fumo triste,
Que paisagens novas me fizeram pobre
Nesta alma exausta que hoje em mim existe.
Ó sol, meu padrinho, flor do céu!
Que alegria, amor, quando o sol perdoa.
Há gemidos novos na paisagem nova
Meu amor perdido que em minha alma soa.
Antunes da Silva, Canções do Vento