Ba Cissoko
Cissoko, natural da Guiné-Conacri, é um músico, mestre da kora (instrumento de cordas tradicional africano) que vale a pena ouvir e seguir a sua carreira, já cheia de êxitos.
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Cissoko, natural da Guiné-Conacri, é um músico, mestre da kora (instrumento de cordas tradicional africano) que vale a pena ouvir e seguir a sua carreira, já cheia de êxitos.
"Mãe, sabes que agora em Portugal mandam uns senhores que estão a dar cabo do Serviço Nacional de Saúde? E que dizem que é por causa de uma tal de troika, que agora manda neles? Lembras-te da "Lei Arnault", que, segundo ele mesmo diz, tu redigiste, depois de muito pensares e estudares sobre o assunto, com a seriedade e o empenho que punhas em tudo o que fazias? Lembras-te das nossas conversas sobre a necessidade de toda a gente em Portugal ter acesso a cuidados de saúde básicos de boa qualidade e de como essa possibilidade fizera em poucos anos baixar drasticamente a mortalidade materna e infantil, flagelos nacionais antigos, como uma das coisas boas que se tornaram realidade depois de 1974 e com a restauração da democracia? Lembras-te de quando eu te dizia que eras tão mais socialista do que "eles", os do Partido Socialista, e tu te zangavas porque não era essa a tua imagem e a tua crença? E quando eu te dizia que o ministro António Arnault era maçon e tu não acreditavas, porque ele era (e é) um homem bom - e para ti a Maçonaria era a encarnação do Diabo... Mãe, tu, que te dizias e julgavas convictamente monárquica, católica, miguelista, jurista cartesiana (isso era o que eu te dizia e que penso que eras, também), que conhecias a Bíblia e Teilhard de Chardin como ninguém e me ensinaste que Deus criara o homem e a mulher à Sua imagem, quando pronunciou o fiat, porque assim se diz no Génesis... Tu que dizias que o problema dos economistas era que não tinham aprendido latim... e me tiravas as dúvidas de português e outras coisas, quando me não mandavas ir ao dicionário, como agora eu mando o meu Filho... Tu que foste o meu "Google", às vezes renitente, quando este ainda não existia... Sabes que agora manda em Portugal gente ignorante e pacóvia, que nem se lembra já de como se vivia na pobreza e na doença, que julga que o Estado se deve retirar de tudo, incluindo da Saúde, e confunde a absoluta e premente necessidade de controlar e conter o imenso desperdício com a ideia de fechar portas, urgências claramente úteis social e geograficamente... Sabes que fecharam o Serviço de Urgência e o excelente Serviço de Cardiologia do Hospital Curry Cabral sem sequer prevenirem ou consultarem o seu chefe? Onde irão agora todas aquelas pessoas tão claramente pobres, vulneráveis e humildes que tantas vezes lá encontrei e que não pareciam capazes de aprenderem outro caminho, outro destino, de encontrarem outros dedicados e pacientes "ouvidores"? Sabes que um ministro qualquer disse que o edifício da Maternidade Alfredo da Costa não tinha qualquer interesse urbanístico ou arquitectónico, para além de condenar ao abate essa unidade de saúde, com limitações já evidentes, mas que tão importante foi para tanta gente humilde ter os seus filhos em segurança? Será mesmo que não a poderiam "refundar", como agora se diz? Ou quererão construir um condomínio fechado, luxuoso e kitsch, no meio de uma das minhas, das nossas cidades? Lembras-te de me ires buscar à MAC quando nasceu o meu Filho e de como te contei da imensa dedicação do pessoal médico e de enfermagem e da clara sobre-representação de parturientes de origem social modesta, imigrantes, ciganas, ou simplesmente pobres? Sabes que há muita gente que pensa que a iniciativa privada, incontrolada e à solta, é que vai salvar Portugal da bancarrota, e que ignora o sentido das palavras solidariedade, justiça, igualdade, compaixão? Sabes, Mãe, eu lembro-me de ver pessoas que partiram de Portugal para o mundo em busca de trabalho e rendimento a viver em "casas" feitas de bocados de camioneta, de restos de madeira, de cartão e outros improváveis e etéreos materiais, emigrantes portugueses que foram parar ao bidonville em St Denis, nos arredores de Paris, num Inverno em que a temperatura desceu a 20 graus Celsius abaixo de zero (1970). Nas "paredes", havia toda a sorte de inscrições contra a guerra colonial e contra o regime que então reinava em Portugal. O padre Zé, o nosso amigo da Mission Catholique Portugaise que me acompanhava e me quis mostrar o bairro, proibiu-me de falar português e de sair do carro enquanto ali passávamos... e aqui em Portugal eu vi tanta miséria envergonhada, homens de chapéu na mão a pedir emprego, mulheres e crianças a pedir esmola, apesar de todas as leis e medidas que o Estado Novo produziu para as esconder, como já fizera a Primeira República. A pobreza e a vadiagem não se eliminam com Mitras e medidas de segurança, mas com produção e distribuição de riqueza e de justiça social. Com a promoção da igualdade e da solidariedade, como manda a Constituição. E a Saúde, Mãe, que vão fazer dela? Da saúde dos pobres, dos velhos, das crianças, dos que não têm nem podem ter seguros de saúde de luxo, porque não têm dinheiro, porque já não têm idade, ou porque não têm saúde? E as crianças, Mãe? Vão de novo morrer antes do tempo porque o partofoi solitário ou mal assistido, porque a saúde materno-infantil passou a ser de novo um bem reservado a alguns privilegiados, ou porque a "selecção natural" voltará a equilibrar a demografia em Portugal, recolhidas as mulheres a suas casas, desempregadas e de novo domesticadas, e perdida de novo a possibilidade de controlo sobre a sua própria fertilidade? O planeamento familiar, que tu tão bem explicaste que deveria segundo a lei seguir a autonomia que o Código Civil reconhece na capacidade natural dos adolescentes - tu, católica, jurista, supostamente conservadora (assim te pensavas, às vezes?)... Sabes que aqui há tempos ouvi uma jurista ignorante dizer em público que só aos 18 anos os jovens poderiam ir sozinhos a uma consulta de planeamento familiar, quando atingissem a maioridade, sem autorização de pai ou mãe? Ai, minha Mãe, como a ignorância é perigosa... Será que nos espera um qualquer Ceausescu ou equivalente, dado o progressivo estrangulamento político e social a que a necessidade económica e a cegueira política nos estão levando? Os traços fascizantes que são visíveis na repressão da liberdade de expressão e de manifestação, em tudo tão contrários à Constituição da República, serão só impressão de uns "maníacos de esquerda", como dizem umas pessoas que há tão pouco tempo garantiam que essa coisa de esquerda e direita era coisa do passado? Mas as crianças são o futuro, Mãe, que será deste país sem elas, sem a sua saúde e sem a sua educação, sem o seu bem-estar, sem a sua alegria? Eu lembro-me tão bem dos miúdos descalços e ranhosos nas ruas da minha infância... e da luta legal, tão recente ainda, quem sabe se perdida, contra o trabalho clandestino, ilegal e infame das crianças a coserem sapatos em casa, a faltarem à escola, a ajudarem as famílias, ainda há tão pouco tempo, ou dos miuditos com carregos e encargos maiores que eles, à semelhança das mulheres da carqueja a subirem aquela rampa infame que Helder Pacheco, o poeta-guia do nosso Porto, tão bem descreve... "Que quem já é pecador sofra tormentos, enfim! Mas as crianças, Senhor, porque lhes dais tanta dor?!... Porque padecem assim?!..." Mãe, se agora cá voltasses, ao mundo dos vivos, acho que terias uma desilusão terrível. Melhor que não vejas o que estão fazendo do nosso pobre país.
Da tua Filha, com muita saudade, Maria Teresa"
Ericeira, Portugal, Europa, dia 31 de Dezembro de 2012
* Professora de Direito Penal, directora da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa.
(Para quem não saiba, a Profª. Maria Teresa Beleza, é irmã de Leonor Beleza e Miguel Beleza, ambos figuras de proa do PPD/PSD e com muitas culpas no cartório...)
Este é o trio de jarras que nos tem andado a tratar da saúde, de parceria com o bando nacional. Desde sábado, tem-se falado bastante de Arménio Carlos a propósito de uma sua intervenção em que se referiu ao sr Selassié (o primeiro da foto). até hoje não sei o nome do careca branco. nem do branco de gravata vermelha...
A RTP iniciou há duas semanas a exibição de uma série chamada Depois do adeus, que se prolongará por cerca de 25 episódios. já foram passados dois desses episódios, no primeiro já se pressentiu a natureza da coisa. No segundo ficou acentuada a marca do produto: Caricatura grosseira dos acontecimentos pós 25 de Abril. A idiotice da confusão no autocarro (mais parecia uma rábula de revista) é uma ofensa à luta do povo português no seu exercício da democracia. O drama humano vivido por milhares de famílias em consequência da descolonização, não pode servir para uma mascarada destas.
Era um dos melhores programas da rádio em Portugal. chegou ao fim com base em critérios que são desconhecidos dos seus ouvintes - na parte que me toca, como ouvinte assíduo,protestei!
Da autoria de Joel Costa* Questões de Moral, passava semanalmente à segunda feira na antena 2 da RDP. Cada emissão sabia a pouco!
O autor vai prosseguir Questões de Moral, na NET, em http://questoes-de-moral.blogspot.pt. Valha-nos isso!
*No retrato que faz de si, gostei sobretudo do contraguerrilheiro forçado...
Adenda: O PSD e o CDS, recomendaram à RTP que reponha o programa TV Rural ( que os mais velhos conheceram) que, tendo durado 30 anos, nos 16 - desde o 25 de Abril até à sua extinção em 1990 - conseguiu a proeza de, aí, não ter sido dita uma palavra sobre a Reforma Agrária, conquista maior do 25 de Abril! Esta "recomendação" leva-me a suspeitar de algum modo das razões das alterações recentes na programação da RDP, que, como todos sabem está sob a alçada do senhor Alberto da Ponte...
O jornal espanhol El País, que se reivindica de referência, não olha a meios para alimentar o seu ódio a Chavez e à revolução bolivariana. Vai daí publica na primeira página (última quinta feira) uma foto de um homem entubado em uma cama hospitalar, apresentando-o como sendo Hugo Chavez. A morbidez e o delírio levam a coisas destas.
Aqui se falou já de Amílcar Cabral e do seu assassinato em Janeiro de 1973. Vale a pena ainda referir o importante Colóquio Internacional, promovido pela Fundação Amílcar Cabral que decorreu na cidade da Praia em Cabo Verde, no passado fim de semana, e contou com a participação de académicos, cientistas e políticos de Cabo Verde, Guiné-Bissau, Cuba, EUA, Canadá, Angola, Senegal, Portugal e Itália.
Pedro Pires (ex primeiro ministro e presidente de Cabo Verde) que foi um alto responsável da guerrilha do PAIGC e actualmente dirigente da Fundação Amílcar Cabral, afirmou no colóquio, que no início de 1973:
"do lado das autoridades coloniais, estava em curso uma campanha militar desesperada, lançada pelo seu comando político-militar, na tentativa de reverter a seu favor o estado de equilíbrio militar, portador de muitos riscos, que vinha prevalecendo, apostando na recuperação das regiões libertadas, o que estava a ser muito difícil, conjugada com uma intensa e diversificada campanha sociopolítica, em torno da chamada Guiné Melhor."*
E Pedro Pires afirmou ainda:
"O recurso ao assassinato do líder do PAIGC insere-se na busca da saída para o grave dilema que vivia o poder colonial, precisamente, quando sentia que estava em vias de perder a guerra, com consequências desastrosas para o futuro do império colonial. Nada melhor que decapitar o PAIGC (...) Reside aí a razão principal da decisão última de avançar com a operação do assassinato de Amílcar Cabral pelos serviços secretos portugueses e por seus homens de mão."
Resta referir que as autoridades coloniais portuguesas sempre acalentaram o sonho de conseguirem eliminar não só Cabral mas toda a direcção do PAIGC. Foi com esse objectivo organizada uma operação em larga escala, "operação Mar Verde", em 1970, dirigida pelo ultra Alpoim Calvão, que ia até mais longe nos objectivos, como seja a tresloucada ambição de provocar uma mudança de regime na Guiné-Conakri, valioso apoiante do PAIGC.
* Guiné Melhor era a consigna de uma campanha demagógica levada a cabo junto das populações por Spínola, então governador da Guiné. Essa campanha compreendia entre outras coisas, conquistar a simpatia dos Homens Grandes, ciente que estava da influência destes entre a população. Não pouco dinheiro foi destinado a essa campanha...
Tal campanha foi um passo mais além, da intensa acção psico-social que os comandos militares promoviam nas suas áreas de intervenção
Quanto à actividade de Spínola, não se deve esquecer que, paralelamente à continuação da guerra, ele agia na busca de uma hipotética solução neocolonial.
Depois de muitas opiniões, comentários e alguns insultos sobre o direito à aposentação que me foi conferido pela CGA cumpre-me esclarecer que o mesmo se enquadra na legislação relativa ao estatuto dos eleitos locais, aprovada em 1987 e revista em 2005. Importa desde já sublinhar que, para além do referido quadro legal, os eleitos locais não beneficiam de qualquer outro sistema de protecção social, após conclusão dos seus mandatos.
Para o efeito, foi contabilizado o tempo de trabalho em funções políticas (como autarca), na administração local, no sector privado e cooperativo, perfazendo 26 anos de actividade. Destes, a lei prevê a dobragem de sete - entre os quais desempenhei funções autárquicas - pagando, para o efeito, à segurança social 36 mil euros de contribuição correspondente a esse tempo. Resulta daqui uma pensão de 1850 euros, sujeita naturalmente aos devidos descontos.
Este valor não é acumulável com os vencimentos auferidos em cargos públicos e encontra-se suspenso, agora e no futuro, se mantiver o exercício de funções públicas.
Sendo absolutamente legal e transparente, impõe-se ainda assim uma palavra, em defesa da minha honra e do cabal esclarecimento da população do concelho de Palmela, que me elegeu que em mim confia, e que procuro defender.
Quero dizer que compreendo a reacção de pessoas que no desemprego, em trabalhos precários, com salários miseráveis, sem direito a uma reforma digna, com direitos roubados ou com a dignidade profissional e humana ameaçadas, se sentem desprotegidas pelo Estado e injustiçadas ou maltratadas pelas opções políticas que têm sido tomadas contra o país e os seus cidadãos!
Considero que podemos concordar ou discordar do estatuto específico que concede o direito à aposentação, nas condições referidas, mas não podemos tratar ou qualificar quem usa um direito como se de uma ilegalidade se tratasse!
Considero oportunistas, de seriedade duvidosa ou, pelo menos, demagógicos e populistas alguns comentários, supostamente bem informados, que pretendem colocar a questão no domínio da ética, da moral, ou dos privilégios (termo tantas vezes usado para justificar a crise do país ou o roubo de direitos sociais!)!
Estou disponível para o debate sério sobre o papel da política na nossa sociedade e para a desejável participação cívica dos cidadãos, de todas as idades e condições socioeconómicas; sobre a função dos políticos e as condições que julgo serem indispensáveis para o exercício em liberdade, com independência, com transparência, responsabilidade e dignidade de cargos, particularmente os de carácter executivo.
Estou disponível para contribuir para a discussão sobre o papel que o Estado deve ter no sentido de proteger os cidadãos, incluindo os que exercem funções políticas e de assegurar a igualdade de oportunidades na candidatura a cargos políticos e no seu exercício.
Estou disponível e considero urgente a reflexão de todos nós sobre o efeito que processos deste tipo têm sobre a democracia e o direito/deve de todos e cada um de eleger ou ser eleito como seu representante.
Os cidadãos de Palmela conhecem-me, conhecem o meu trabalho realizado em Palmela em defesa do seu património, da sua história, dos seus valores, da qualidade de vida e do desenvolvimento; conhecem a importância da sua participação; conhecem a transparência, dedicação e ética com que tenho desempenhado a minha missão!
Sabem que mantenho a mesma atitude e que cumprirei o mandato autárquico para o qual fui eleita até ao fim!
E sabem que, com a mesma convicção e empenhamento cívico continuarei a abraçar as mesmas causas, e a intervir politicamente em defesa da liberdade, do aperfeiçoamento da democracia, do poder local democrático, do trabalho com direitos, do acesso universal à saúde e à protecção social, pelo direito dos jovens, dos idosos, dos homens e das mulheres a uma vida digna, à felicidade e à alegria!
Palmela, 23 de Janeiro de 2013
14 seguidores
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.