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"Com o fim da URSS, o número de pobres aumentou mais de 150 milhões, a economia e os salários encolheram mais de 50%. 75 por cento dos russos caíram na miséria e doenças antes erradicadas atingiram proporções epidémicas. A esperança média de vida caiu para os níveis do século XIX.
Os EUA venceram a guerra fria, mas são todos os dias derrotados pela pobreza de 50 milhões, pela maior taxa de população prisional do mundo e por dois milhões de crianças sem tecto. Na URSS, as crianças não dormiam na rua e a democracia não ficava à entrada da fábrica. Foi o mais perto que a humanidade chegou de construir uma terra sem amos.
A URSS foi uma flor rara, de beleza extraordinária e difícil cultivo, que já antes tinha sido arrancada, com apenas dois meses de vida, quando a Comuna de Paris foi esmagada. E mesmo assim voltou a crescer, mais viçosa e resiliente num improvável sulco russo. Extinta a União Soviética, sobrevivem sementes que um dia darão flores novas."
António Santos, no jornal Avante! de hoje
"Nunca lhe propuseram estar internado. Não lhe deram soro nem morfina, fomos nós que exigimos. Já não aguentava mais ver o sofrimento contínuo do meu pai. A cadeira articulada, foi emprestada, arranjou-a a minha tia, e uma grade para a cama. O meu cunhado passou a levar e a trazer o meu pai, ele já não conseguia conduzir. A companheira dividia a medicação e aplicava. Aprendi a dar injecções porque a Joana, que é minha amiga e é enfermeira me ensinou, ensinou-me a dar-lhe banho, a virá-lo na cama para que não ganhasse feridas, a limpar-lhe a boca e a alimentá-lo. Tirei licença para estar com o meu pai. A minha irmã não pôde, era um falso recibo verde.
Pedi um empréstimo para poder pagar tudo isto. Tive que mudar de banco e vou pagar o empréstimo nos próximos dez anos. Estive sempre ao lado do meu pai. Colocámos o soro, dei-lhe de comer. Começou a tossir, sem parar. A família reuniu-se em volta dele. O gato, saiu dos pés do meu pai e começou a aproximar-se lentamente do seu peito. E eu pensei, é agora.
Corri para o lado dele, dei-lhe a mão e vi uma lágrima a correr-lhe na face esquerda.
O meu pai morreu.
Não houve jornais, não houve televisão. De vez em quando há uma notícia que diz que os tratamentos estão a ser negados aos doentes oncológicos, que o IPO não tem dinheiro.
O meu pai tinha 54 anos. A vida inteira pela frente. Nunca defendeu salários baixos nem privatizações. Trabalhou desde os 14. Tirou um curso aos 53 porque era o seu sonho. A estes não há homenagens. Aos que lutam pela sobrevivência durante todos os dias com dores excruciantes e a violência do Estado. Não, para estes não há memória, não há camas de hospital, medicamentos."
Estas linhas foram copiadas do blog cinco dias.net
Acabo de tomar conhecimento que morreu António Borges, figura de prôa do PPD/PSD. Um inimigo dos trabalhadores e das camadas mais desfavorecidas. Um inimigo da democracia. Um grande amigo do capital financeiro e feroz defensor dos seus interesses.Fica o meu comentário.
Tenho uma frustração relativamente a Cecília Bartoli: Cada vez que veio cantar em Lisboa, quando tentei comprar bilhete já havia lotação esgotada! A sua alegria é contagiante. A sua bela voz, de recursos imensos, é um deslumbramento.
A ópera Nabuco, do genial Verdi, estreada em 1842, (uma época em que os valores nacionalistas eram fervorosamente assumidos pelos italianos, face à ocupação de parte do seu país por foça estrangeira) passou a ser admirada desde então em todo o mundo. Uma das suas árias - Vá pensiero - tem sido frequentemente adoptada como hino de liberdade. Não há muito tempo, o maestro Ricardo Muti deu expressão a esse sentimento, num momento em que a sua Itália é um pouco Pátria bela, e perdida... em resultado das políticas neoliberais.
Também em Portugal se justifica que, um qualquer maestro "pouse" a batuta e denuncie os canalhas, vendedores da pátria que ocupam os cadeirões do poder.
O título, encontrei no texto de Miguel Urbano Rodrigues sobre um livro (A CIA e a guerra fria cultural) da britânica Frances Stonor Saunders, ainda não editado em Portugal. O título (deste post) configura uma filosofia da intervenção do imperialismo para combater o socialismo e o comunismo. Mas, não apenas...
MUR deu-me a conhecer uma obra que, espero ter a oportunidade de ler.
«Sob a (ainda não) estudada nostalgia dos «Dias dourados» da inteligência americana havia uma verdade muito mais demolidora: as mesmas pessoas que liam Dante, estudaram em Yale e se educaram na virtude cívica, recrutaram nazis, manipularam o resultado de eleições democráticas, proporcionaram LSD a pessoas inocentes, abriram o correio de milhares de cidadãos americanos, derrubaram governos, apoiaram ditaduras, conceberam assassínios, e organizaram o desastre da Baia dos Porcos.
Em nome de quê? perguntava um crítico: «Não da virtude cívica, mas do império».
Estas, são as últimas palavras do citado livro, transcritas por MUR, no artigo
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