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28
Nov13

Uma engenhoca chamada crivo oscilante...

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"... trabalhavam com uma engenhoca chamada crivo oscilante. Com uma colher de pedreiro, o rapaz retirava terra de um grande monte e deitava-a numa garrafa de plástico de lixívia com a parte de cima cortada. Espalhava esta terra num crivo horizontal equipado com cabos e mantido à altura do cotovelo por meio de uma armação de madeira colocada em cima de um suporte. Katheryn agarrava nos cabos e agitava, fazendo passar a terra através da rede fina, uma hora, duas horas, três horas."

Em Os Nomes, de Don Delillo

Eu trabalhei com uma engenhoca como a descrita por Delillo. Foi quando jovem,nos anos sessenta (há tantos anos!) nas escavações arqueológicas na tholos que se situa nas imediações da gruta do Escoural. Passávamos dias a peneirar terra, antes cuidadosamente retirada de entre as pedras, para encontrar pequenos fragmentos de sílex, de osso, um dente. Trabalho esse supervisionado pelo professor Manuel Farinha dos Santos. Alguns desses fragmentos estão hoje expostos, ou armazenados no museu de Montemor-o-Novo e no museu Leite de Vasconcelos, em Lisboa.

Aquele trabalho chegava a causar entusiasmo, já que havia sempre a expectativa de encontrar alguma coisa de interesse, embora houvesse dias sem aparecer qualquer "tesouro". Foram várias semanas muito agradáveis.

27
Nov13

Francisco Presúncia Bonifácio (Chico Galiza), um Alpiarcense.

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"... nasceu em Alpiarça em 1928. Com apenas 4 anos fica órfão de mãe. Apesar do óptimo aproveitamento escolar, o seu futuro já estava traçado - trabalhador no campo, concluída a quarta classe.

Com pouco mais de dez anos, inicia-se na faina do campo a plantar arroz, enterrado em água e lama quase até à cintura. Logo a seguir, entre homens, vai vender a força dos seus braços para as praças de jorna. à frente de mulas é a etapa seguinte.

Também cedo se consciencializa das profundas injustiças sociais de que os trabalhadores do campo eram vítimas.

Com 13 anos já lia o Avante! que, de quando em vez, apanhava no chão de uma rua de Alpiarça.

(...) Em 1968, a Chico e Manuela são-lhe atribuídas umas das mais importantes funções que desempenhariam - arranjarem instalações para o paiol da Acção Revolucionária Armada (ARA) e serem depois os seus guardiões.

Teve 7 identidades e viveu em 15 localidades do Douro, do Ribatejo e do Oeste e da região de Lisboa. Desempenhou com sucesso todas as suas missões, nunca tendo caído nas garras do aparelho repressivo fascista

(...) O que o Chico Galiza conta neste livro aconteceu. A luta de Homens de carácter por causas. E quando assim é, vale sempre a pena."

(Uma História de Vida Valorosa!)
25
Nov13

Tal como o boi dá a volta... (leituras)

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"É na parte sul da ilha, não longe de Festo. Há um conjunto de ruínas espalhadas pelos bosques perto de uma basílica do século dezassete. Os italianos escavaram. Descobriram estatuetas minóicas, das quais já ouviste falar. E existem ruínas gregas e romanas espalhadas por toda a parte. Mas aquilo de que talvez gostasses mais é o código de leis. Está num dialecto dórico e encontra-se gravado num muro de pedra. Não sei se alguém contou as palavras, mas contaram as letras. Dezassete mil. As leis dizem respeito a delitos criminais, direitos de propriedade e outras coisas. Mas o que é interessante é que tudo aquilo está escrito num estilo chamada boustrophedon. Uma linha está gravada da esquerda para a direita, a linha seguinte da direita para a esquerda. Tal como o boi dá a volta. Como lavra o boi. É isso que significa boustrophedon. O código está todo feito desta maneira. É mais fácil de ler do que o sistema que utilizamos. Lê-se uma linha e depois a vista desce logo para a linha seguinte, em vez de se precipitar como uma seta para o outro lado da página."

Em Os Nomes, de Don Delillo

(Exemplar da arte dórica)

24
Nov13

40º.Aniversário do III Congresso de Aveiro

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Realizou-se em Abril de 1973 em Aveiro. Estava então o salazarismo (já com Marcelo Caetano) a viver os seus últimos tempos de vida. Um ano depois seria corrido do poder que ocupou 48 anos.
O III Congresso foi uma realização empolgante, que envolveu Mulheres e Homens de todo o país mobilizados ao longo de meses da  preparação,  e finalmente culminou na sua realização. Constituiu um formidável contributo para o derrubamento do fascismo: Os documentos apresentados ao Congresso e posteriormente editados confirmam isso. A importância que teve no MFA foi reafirmada pelo Almirante Martins Guerreiro (um dos congressistas) na sua intervenção ontem feita.
Um mar de gente "invadiu" a bela cidade de Aveiro para participar nessa jornada. Que culminou numa vibrante acção de rua - romagem à campo de Mário Sacramento - ferozmente reprimida pelas forças do regime que sitiaram a cidade e os seus acessos.
Tive o privilégio de participar em inúmeras reuniões nacionais preparatórias, ocorridas em Aveiro e, igualmente, nas muitas realizadas no distrito de Setúbal - que apresentou 10 teses colectivas ao Congresso - na fase de preparação e mobilização. Nessas reuniões conheci muitas pessoas que viriam a dar um contributo inestimável ao processo revolucionário resultante do 25 de Abril, e também algumas que se destacariam no seu envolvimento no processo contra-revolucionário que conduziu o país à situação em que nos encontramos hoje.
Com imensa pena não participei no Congresso. Foi essa a orientação que recebi e acatei.
Ontem, decorreu em Lisboa uma sessão evocativa do Congresso, promovida pela URAP, em que estive presente. Numa sala repleta, lá estiveram igualmente outros camaradas daquela jornada de há 40 anos, nomeadamente Hélder Madeira, José Loureiro, João Neves, Alfredo Matos, José da Encarnação, Olinda Peixoto, Mário Peixoto, etc..
Foi uma iniciativa muito oportuna (cuja mesa foi composta por Levi Batista, Almirante Martins Guerreiro, Hélder Madeira e Vitor Dias) evocada na perspectiva da necessária intervenção, agora, para derrotar as políticas reaccionárias actuais.
22
Nov13

Frederic Rzewsk - uma outra versão do Povo Unido

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O Povo Unido Jamais Será Vencido! Sempre foi importante! E, é cada  vez mais importante. E necessário! Num país em que os ocupantes dos cadeirões do poder, agem fora do quadro constitucional, do governo ao Presidente da República. (A este, último, há já quem o compare a um capacho...)

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