O 1º. de Maio de há 40 anos
No dia 1º. de 1974, a cidade de Setúbal teve a maior manifestação de sempre. Era a alegria esfuziante provocada pelo 25 de Abril. Era a alegria de comemorar o dia do trabalhador em liberdade. Sem PIDE. Sem medo. Setúbal não foi excepção. Portugal inteiro saiu à rua. Encheu avenidas e praças. Para quem tivesse dúvidas quanto à mudança iniciada em 25 de Abril, ficou claro que estávamos num tempo novo.
Vale a pena recordar que tudo foi minimamente organizado, apesar de não se dispor de instalações e equipamentos. Nos Sindicatos, alguns já com as direcções reaccionárias expulsas, os novos activistas não tinham ainda experiência. e os próprios sindicatos não dispunham de capacidade de resposta, já que durante os 48 anos passados, não era essa a sua função...
O PCP também não dispunha de centro de trabalho. Os seus militantes usaram como estaleiro uma garagem/arrecadação no pátio Gago da Silva, ali ao Quebedo, cedida por intermédio da Manuela Gago da Silva e do José Carlos Viegas. Foi aí que pintaram faixas e panos para serem exibidos no 1º. de Maio. O saudoso Carlos Nascimento foi o responsável por esta tarefa. A certa altura o local é visitado pela dirigente do PCP responsável pela ligação connosco, que sugeriu a feitura de alguma coisa que falasse do partido socialista (ao tempo não existia na cidade qualquer expressão organizada desse partido). Pelo menos uma faixa com Viva o Partido Socialista, foi pintada e depois transportada na manifestação. Ou seja, foram os "sectários" dos comunistas que tomaram a iniciativa para que aquele partido também estivesse assinalado no 1º. de Maio em Setúbal.
Entretanto, não demorou muito tempo, o PS inicia os ataques contra o PCP, que passaram a ser um seu objectivo supremo.