A criação das linhas de montagem em Portugal surge na década de 60, como estratégia industrial do grande capital nacional e internacional como tentativa de travar o descontentamento popular e manter o anterior regime. Foi então que aproveitando a mão de obra barata, foram criadas 20 empresas de montagem, todas elas dependentes das multinacionais da Europa da CEE, dos E.U.A. e do Japão.
A legislação específica que desde então regulamentou a sua actividade teve como consequência um crescimento desordenado e de oportunidade. O não desenvolvimento da indústria de componentes nacionais, o só realizar operações intermédias ou afins do processo produtivo, é resultante de uma dependência quase total em relação ao estrangeiro.
Neste sector é onde a concentração é mais expressiva.
A seguir ao 25 de Abril, pelo empenhamento dos trabalhadores foi criada a GEPA (Gabinete para o Estudo da Política Automóvel) visando a reestruturação reconversão do Sector.
Mas com o início da política de recuperação capitalista, iniciada em 1976 pelo governo PS aliado à direita, é extinto o GEPA e criada uma Comissão para o Sector Automóvel, já sem a participação dos trabalhadores. Desta Comissão saiu o relatório que serviu de base à Resolução nº. 243/77 sobre o projecto Renault, que não está a ser cumprida.
Em Fevereiro de 1985 realizou-se uma Assembleia da organização do PCP, do sector automóvel. O texto acima transcrito foi extraído da caracterização constante do documento aprovado pela Assembleia.
Foi no sector de montagem de automóveis que trabalhei até 30 de Março de 1974. Daí ter conhecido razoavelmente os seus problemas e sempre ter procurado estar a par da sua evolução até ao desaparecimento - Em Setúbal não resta uma única unidade de montagem automóvel.
À data da realização daquela Assembleia, em Setúbal laboravam 8 unidades industriais - Companhia Portuguesa de Motores e Camiões/Barreiros, Evicar, IMA, Imperex, Movauto, Renault ,Tecnimetal - ainda com 2.300 postos de trabalho, e, pode afirmar-se que outros tantos haviam sido liquidados nos 10 anos anteriores, como resultado da política de recuperação capitalista iniciada por Mário Soares em 1976 e o consequente afastamento da intervenção dos trabalhadores.