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divagares

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30
Abr15

1º. de Maio

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A injustiça avança hoje a passo firme.

Os tiranos fazem planos para dez mil anos.

O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são.

Nenhuma voz além da dos que mandam.

E em todos os mercados proclama a exploração: isto é

apenas o começo.

Mas entre os oprimidos muitos há que agora dizem:

Aquilo que nós queremos nunca mais o alcançaremos.

Quem ainda está vivo nunca diga: nunca.

O que é seguro não é seguro.

As coisas não continuarão a ser como são.

Depois de falarem os dominantes.

Falarão os dominados.

Quem pois ousa dizer: nunca?

De quem depende que a opressão prossiga? De nós.

De quem depende que ela acabe? Também de nós.

O que é esmagado, que se levante!

O que está perdido, lute!

O que sabe ao que se chegou, que há aí que o retenha?

Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã.

E nunca será: ainda hoje.

Elogio da dialectica, de Bertolt Brecht

1º. de Maio.jpg

 

29
Abr15

Cabelos

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Cesário Verde.jpg

Ó vagas de cabelo esparsas longamente,

Que sois o vasto espelho onde eu me vou mirar,

E tendes o cristal dum lago refulgente

E a rude escuridão dum largo e negro mar;

 

Cabelos torrenciais daquela que me enleva,

Deixai-me mergulhar as mãos e os braços nus

No báratro febril da vossa grande treva,

Que tem cintilações e meigos céus de luz.

 

Deixai-me navegar, morosamente, a remos,

Quando ele estiver brando e livre de tufões,

E, ao plácido luar, ó vagas, marulhemos

E enchamos de harmonia as amplas solidões.

 

Deixai-me naufragar no cimo dos cachopos

Ocultos no abismo ebânico e tão bom

Como um licor renano a fermentar nos copos,

Abismo que se espraia em rendas de Alençon!

 

E ó mágica mulher, ó minha Inigualável,

Que tens o imenso bem de ter cabelos tais,

E os pisas desdenhosa, altiva, imperturbável,

Entre o rumor banal dos hinos triunfais;

 

Consente que eu aspire esse perfume raro,

Que exalas da cabeça erguida com fulgor,

Perfume que estonteia um milionário avaro

E faz morrer de febre um louco sonhador.

 

Eu sei que tu possuis balsâmicos desejos,

E vais na direcção constante do querer,

Mas ouço, ao ver-te andar, melancólicos harpejos,

Que fazem mansamente amar e enlanguescer.

 

E a tua cabeleira, errante pelas costas,

Suponho que te serve, em noites de verão,

De flácido espaldar aonde te recostas

Se sentes o abandono e a morna prostração.

 

E ela há-de, ela há-de, um dia, em turbilhões insanos

Nos rolos envolver-me e armar-me do vigor

Que antigamente deu, nos circos dos romanos,

Um óleo para ungir o corpo ao gladiador.

 

Ó mantos de veludo esplêndido e sombrio,

Na vossa vastidão posso talvez morrer!

Mas vinde-me aquecer, que eu tenho muito frio

E quero asfixiar-me em ondas de prazer. 

 

Cesário Verde

 

 

28
Abr15

Catarina Salgueiro Maia

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Catarina Salgueiro Maia.jpg

Pessoas a passar fome, idosos que, ou comem ou tomam os medicamentos, e pessoas que são postas na rua por não poderem pagar a renda.

Às vezes digo que o meu pai, lá em baixo, deve estar às voltinhas no caixão. O meu pai lutou por uma democracia, por um país livre, correcto e aberto.

Catarina Salgueiro Maia (filha o Capitão Salgueiro Maia), também ela e o marido emigrantes no Luxemburgo, já que em Portugal, como largas dezenas de milhar de jovens, não encontraram forma de sobreviver.

25
Abr15

Acordei em Abril num dia novo!

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Cravo.jpg

Acordei em Abril num dia novo

Em que a ditadura foi aprisionada 

Vi armas de guerra, soldados e povo
Vi a liberdade ser anunciada.
Vi braços erguidos em comemoração
Vi Portugal livre como eu queria
Vi abrir as portas da tortuosa prisão
Prisioneiros libertos a chorar de alegria.
Uma gota de sangue não foi derramada
Uma revolução pelos cravos marcada
Que as forças armadas ao país oferecia
Vi cantar vitória um povo unido
Povo em liberdade não será vencido

Nunca esquecerei esse histórico dia

Não pedi autorização à autora para publicar, mas a Adelaide Simões Rosa, decerto estará de acordo.

22
Abr15

Água, um bem comum, indispensável à vida

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A água sempre foi, e é um bem público. Mas, nos tempos que correm está na mira dos grandes grupos económicos para se apropriarem dela - a conseguirem, passaria a ser só de alguns - fazerem dela negócio e, claro como água, obterem lucro. Argumentos para convencer o Zé Povinho vão sendo elencados e sob subtis formas que até parecem o contrário do objectivo supremo. É bom não esquecermos o inventário de poços e outras fontes de água, levado a cabo ainda no tempo do governo PS de José Sócrates. Tal levantamento não foi realizado por acaso. Entretanto a comissão europeia, em consonância com as entidades que formam a troika, aprovou já decisões com o objectivo de impor a privatização da água. Impedir que tal aconteça é um imperativo de todos os cidadãos e cidadãs!

Quanto aos governantes de turno, vão tentando cumprir a sua tarefa. A recompensa, essa, irão obtê-la depois de saírem de turno, com um lugarzinho garantido num qualquer conselho de administração. Sobre isso, conferir a imagem do final do texto.

Agora, outra linha de pensamento sobre a água. Esse precioso líquido que é finito. Como tudo na vida. Um pequeno gesto de cada um fará toda a diferença. Porque o bem essencial à vida que é a água, merece ser respeitado! Cada um deve cumprir a sua parte para que a água não venha a faltar nas torneiras.

No banho, fechar a torneira enquanto se ensaboa e o mesmo enquanto escova os dentes; eliminar lavagens desnecessárias; tomar duche em vez de banho de imersão; aproveitar água de lavagens de hortaliças e frutas para regar as plantas; colocar uma garrafa de plástico cheia dentro do autoclismo reduz a quantidade de cada descarga; usar as máquinas de lavar apenas com a carga máxima (popa água, detergente e electricidade); regar jardins e hortas de manhã cedo ou ao anoitecer evita evaporação; não brincar com a mangueira a esguichar água desnecessariamente.

Defendamos a água como um bem público!

Quem não rouba ou não herda....jpg

 

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