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29
Mai15

Descascando a cebola

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Gunter Grass.jpg

Aquilo que eu aceitei com o estúpido orgulho dos meus anos de juventude, tentei, depois da guerra, movido por uma crescente vergonha, ocultar perante mim próprio.

Descascando a cebola, a autobiografia do celebrado  escritor alemão (prémio Nobel) Günter Grass, recentemente falecido, que constituiu uma revelação desconcertante sobre a sua participação na juventude hitleriana, só agora li.

O recurso a esta metáfora - o descascar da cebola - é uma forma brilhante de abordagem/revelação de um período em que, ainda criança (12 anos) entrou na organização juvenil nazi, numa Alemanha dominada doentiamente por uma ideologia aterradora que integrava uma propaganda ardilosa visando facilitar a adesão das pessoas. Günter Grass descascou a cebola com a genialidade própria dos grandes autores.

Descascando a cebola é a tentativa de redescobrir um jovem que hoje me é estranho e de questionar o meu comportamento em determinadas situações.

aguarela de GG.jpg

 (Günter Grass foi também artista plástico)

 

28
Mai15

Uma ideia para compor o país (publicada no jornal Expresso, 19/05/15)

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230px-Moonspell_Fernando_Ribeiro_Studio_Kraków_20

(...) Por isso: mudar a dinâmica, berrar, tocar rápido, ir ao fundo das coisas é o que necessitamos: uma nova música, um novo paradigma, uma nova era. Sim vão votar no PS e no PSD outra vez, sim comprem sempre os mesmos discos, enganem-se com fados abrasileirados ou com kizombas ocidentais. O segredo da política em proveito próprio é manter tudo como estava. Eu continuarei a acreditar no Rock como sinónimo de mudança, nos partidos que nunca governaram, na CDU ao poder, porque não? O que temos a perder? Às vezes temos de levantar o rabo das cadeiras dos auditórios, mandar fora toda a tralha publicitária com que nos enchem as mãos nos festivais e pegar na foice, no martelo, nas guitarras altas e bom som e gritar a plenos pulmões: basta! É tempo de acertarmos o ritmo, melhorarmos o conteúdo e deixarmos de ser  ratinhos na roda. Pergunto outra vez, o que temos a perder?

Fernando Ribeiro, vocalista da banda Moonspell

 

26
Mai15

Tem a palavra Riccardo Muti

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RiccardoMuti6_SilviaLelli_1.jpg

Quando Beethoven compôs a nona sinfonia, o seu empresário ficou muitíssimo irritado com a inclusão de um coro e quatro solistas, já que isso encarecia substancialmente a sua execução.  E a estreia saldou-se de facto num fracasso financeiro, mas, em contrapartida, obteve um assinalável êxito. Se o empresário tivesse logrado convencer Beethoven a prescindir do coro e dos solistas, hoje não teríamos essa monumental obra que é a nona sinfonia. A cultura não existe para produzir lucros. Uma orquestra custa muito, muitíssimo menos que um jogador de futebol.

Riccardo Muti, maestro.

(tradução livre do castelhano)

 

25
Mai15

Lembrar o fim da guerra do Vietname

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Este ano comemoram-se os 40 anos da vitória do povo vietnamita, o fim da agressão norte-americana, e consequentemente, a derrota do mais poderoso exército do mundo, as forças armadas americanas. Os americanos foram obrigados a sair do Vietname, "com o rabo entre as pernas". Foi o acontecimento internacional que me deu mais gozo em toda a minha vida de quase setenta anos.

Um aparte: esta minha afirmação faz-me lembrar um conterrâneo meu - sportinguista assanhado - que costumava dizer "eu fico contente quando o Sporting ganha, mas contente a valer, fico quando o Benfica perde".

A guerra do Vietname configurou monstruosos crimes dos Estados Unidos da América, nomeadamente com o uso de armas químicas que provocaram malformações em cerca de 500.000 bebés, a juntar a cerca de oito milhões de toneladas de explosivos lançados pela força aérea estado-unidense. Segundo estimativas oficiais, dois milhões de civis perderam a vida em consequência da guerra, a que se somam ainda 58.000 soldados americanos e 1,350 milhão de militares vietnamitas.

vietname não.jpg

 

Vietnam-2.jpg

 

guerra-do-vietna-historia-causas-e-fotos-4.jpg

 

20
Mai15

Um "ensaio" que dá para pensarmos

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Foi uma experiência, com câmara oculta, efectuada nos EUA, demonstra a diferença de tratamento, pela polícia, se é um cidadão branco ou um cidadão preto. Dois homens saíram à rua transportando uma arma AR-15, sendo um branco e o outro afro-americano. Quando detectados pela polícia, a diferença de tratamento foi evidente. É que, já todos temos obrigação de saber,  no país da "liberdade", uns são mais livres que outros...

 

19
Mai15

Homenagem a Michel Giacometti

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A primeira qualidade que um etnomusicólogo precisa ter é o amor ao trabalho e o amor sincero ao povo.

Giacometti 1.jpg

 

A frase transcrita é de Michel Giacometti, Corso nascido em Ajaccio no ano de 1929, que viria a falecer em 24 de Novembro de 1990 em Faro e, por sua vontade, sepultado na aldeia alentejana de Peroguarda. Chegou a Portugal em 1959 e cá viveu até ao fim da sua vida.  Amou Portugal e o seu povo como poucos. Desenvolveu uma incansável actividade no domínio da recolha de património imaterial, a que consagrou a sua vida - canções e outras formas de tradição oral - e de instrumentos de trabalho (que podem ser vistos no museu do trabalho, em Setúbal), empenhamento que permitiu garantir a salvaguarda de elementos que são exemplares das tradições e história do povo português.Foi da sua responsabilidade a criação dos Arquivos Sonoros de Portugal. Em determinada fase das suas recolhas,  trabalhou estreitamente com o compositor Fernando Lopes Graça, outro dos apaixonados pelas tradições musicais.

Em 21 de Junho, Michel Giacometti será alvo de uma muito justa homenagem, na aldeia de Peroguarda (Ferreira do Alentejo), promovida pela Associação Conquistas da Revolução.

giacometti02.bmp

Giacometti 3.jpg

 

 

16
Mai15

Dá-me uma gotinha de água

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Fui à fonte beber água

achei um raminho verde

quem o perdeu tinha amores

quem o perdeu tinha amores

quem o achou tinha sede.

 

Dá-me uma gotinha de água

dessa que eu oiço correr

entre pedras e pedrinhas

entre pedras e pedrinhas

alguma gota há-de haver.

 

Alguma gota há-de haver

quero molhar a garganta

quero cantar como a rola

quero cantar como a rola

como a rola ninguém canta.

 

Debaixo da oliveira

não se pode namorar

porque a folha miudinha

porque a folha miudinha

não deixa passar o ar.

 

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