Nigel Kennedy completa hoje 59 anos. Parabéns para si!
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Setúbal encerra o ano editorial com chave de ouro. Alberto de Sousa Pereira e José Madureira Lopes apresentam amanhã - nos Paços do Concelho às 16 horas - a sua obra A Indústria das Conservas de Peixe em Setúbal.
Segundo consta, trata-se de um trabalho resultante de uma profunda pesquisa e inventariação sobre aquela que foi durante décadas a principal actividade económica da cidade. Muitas gerações de setubalenses tiveram nela o seu ganha-pão, entre 1855 e 1955.
O aparecimento de uma obra como esta há muito que se justificava. Estou curioso e entusiasmado.
Hoje, no Teatro Aberto, Pr. de Espanha/Lisboa, estreia a peça Boas Pessoas, de David Lindsay-Abaire, com dramaturgia e encenação de Marta Dias.
E, já em Janeiro (de 13 a 31) estará em cena no TMJB, em Almada A Tragédia Optimista, do russo Vsevolod Vichmievski, pela Companhia do Teatro de Almada.
Ora aqui está a opinião de um jogador não ganancioso, publicada hoje no DN.
Não jogo na Lotaria mas, torço (sempre) para que a taluda saia a um elevado número de pessoas. E este ano, que uma dessas pessoas seja o senhor João.
Vivi habituado a ter Frank Sinatra na "ementa" da rádio, qualquer que fosse a estação sintonizada. Apesar disso não cheguei a ser um seu fã. Mesmo reconhecendo as suas capacidades quase infinitas na arte de cantar. O seu centenário vai ser razão para dele se falar e as suas canções (e filmes) voltarem a ser passadas, constituindo uma oportunidade de descoberta pelas novas gerações.
O cidadão Frank Sinatra foi, sem quaisquer dúvidas, uma personalidade marcante do seu tempo, mas beneficiou de ser um "produto" do império norte-americano e da vocação deste para impor os seus padrões culturais entre tudo o resto que impõe ao mundo todo. A vida de Sinatra foi determinantemente marcada pela sua condição de ítalo-americano. E, antes de mais essa condição explica a sua convivência com a máfia. Arrisco-me a afirmar que foi uma personalidade controversa, complexa, alinhando ao longo da sua existência em todas as partes. Oriundo da classe operária ascendeu aos círculos mais burgueses da sociedade americana. Conviveu com a máfia (estará por apurar se era apenas convivência) mas condenou também o racismo. Apoiante dos Democratas, acabou a apoiar os Republicanos. Foi liberal e depois reaccionário. Agiu em algumas das suas opções por mero despeito, eventualmente por vingançazinha. Relacionou-se com o melhor esteio da música do seu país. Nos palcos foi uma estrela e, assim é geralmente recordado.
Será sobretudo conhecida pelo seu formidável trabalho com os chimpanzés, desenvolvido ao longo de quarenta anos, em África, mas não lhe são indiferentes outros aspectos da vida. Neste vídeo expõe o seu pensamento esclarecido sobre vários problemas candentes que dizem respeito a todos nós. Corajosamente, serenamente, aborda a questão controversa da sobrepopulação e da finitude dos recursos. Esta é uma questão que justifica uma séria e desapaixonada reflexão. Recordo as barbaridades que têm sido escrita e ditas a propósito da política de um só filho, adoptada por determinado país. Pessoalmente, não tenho conhecimentos para poder formular um juízo, todavia, considero que, qual avestruz, enterrar a cabeça na areia não é o mais adequado.
Não prestava para nada. Uma inútil. Uma morta. Que fosse para casa. Boa alimentação e descanso. Não prestava para nada. A máquina quer dedos ágeis e gente sã. Mas eu posso, senhor doutor, nunca me neguei a trabalhar. Que não, que não podia ser. Que não queria responsabilidades. A tosse. Um novo ataque. Os olhos dele perguntavam, eu não lhe dizia? Os dela baixaram-se. Que havia de dizer? Direito a uma pensão. Duzentos escudos. Que se alimentasse bem, que descansasse. Tinham razão. Era um farrapo. Porquê?
Costumava subir a ladeira dum salto e nem reparava que a casa era triste e não tinha sol. Porque amava a vida e sabia rir. E chegou mesmo a gostar do cantinho sem luz onde trabalhava, e parecia que os dedos tinham amor à máquina à força de tanto martelarem nela. Dias inteiros. E às vezes noites. Porque também havia os serões e sempre eram mais umas moedas que entravam para o bolso. As costas ficavam-lhe a doer e a mãe dizia que não trabalhasse tanto. Mas não insistia porque a vida era má. Um dia ou outro cansada. Depois, todos os dias cansada. E acabou por olhar a máquina com rancor. Agora compreendia. As máquinas não têm culpa.
Quando acabasse de subir esperava-a o silêncio duma casita a que um só corpo não dava calor. Nem lhe apetecia entrar em casa. Antes andar, andar sem rumo,embora soubesse que à sua frente haveria sempre uma ladeira custosa de subir. Era o destino. Tantas vezes ouvira falar do destino que chegara a convencer-se de que devia realmente haver um livro onde a vida das pessoas estava marcada. Um livro como o que o médico lá tinha com os nomes dos doentes e os males de cada um. É a mesma coisa. Ninguém diz que é o destino quando a sorte é boa.
Do conto Ladeira, inserido na obra Relva Verde para Cláudio, edições Escritor.
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