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17
Ago18

A ONU e Lula da Silva

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Desta vez, a ONU tomou uma posição inequívoca a favor da Justiça, ao declarar o direito do cidadão brasileiro Lula da Silva a ser candidato presidencial no Brasil agrilhoado pelos golpistas! Vamos esperar para ver!

08
Ago18

A tragédia de Monchique e as suas causas

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Segundo o Professor Carlos Câmara, climatologista da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, o incêndio de Monchique era "um desastre anunciado" devido à "quantidade de biomassa acumulada ao longo de décadas".

 

Por outras palavras, digo eu, a incúria, o desmazelo, a irresponsabilidade, o desprezo pela segurança das populações, manifestados pelos sucessivos governantes sejam eles do PS, do PSD com ou sem CDS, só pode ter como consequência tragédias desta dimensão!

Há um ano foi o que todos sabemos: Destruição e morte em larga escala. Enterrados os mortos tudo ficou como dantes no quartel de Abrantes!

Qualquer pessoa que se desloque pelo país, com os "olhos abertos" constata o estado calamitoso das matas. O acumular de detritos lenhosos (a tal biomassa a que se refere o cientista) é bem mais perigoso que a inclemência das temperaturas.

Entretanto Suas Excelências desdobram-se em declarações, qual assobiar para o lado, envolvem-se em chicanas para alimento televisivo. Invariavelmente invocam constrangimentos orçamentais para justificarem a não tomada de medidas.

Engraçado, nunca há constrangimentos quando se trata de "salvar" Bancos (cujos malfeitores saiem impunes das malfeitorias) ou custear a NATO assassina!

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06
Ago18

Volta a Portugal em Bicicleta

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Sempre me fez muita confusão as etapas da Volta a Portugal em Bicicleta decorrerem às horas de maior calor. é, nestes dias de temperaturas inclementes, insuportável assistir à prova nestas condições/nestes horários que, obedecem a todos os interesses menos ao menor sofrimento dos que fazem a Volta, os ciclistas. Os seus protagonistas. Esta questão é um problema de saúde. Os organizadores não podem meter a cabeça na areia.

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02
Ago18

A Morte do Leiteiro

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Há pouco leite no país,

é preciso entregá-lo cedo.

Há muita sede no país,

é preciso entregá-lo cedo.

Há no país uma legenda,

que ladrão se mata com tiro.

 

Então o moço que é leiteiro

de madrugada com sua lata

sai correndo e distribuindo

leite bom para gente ruim.

Sua lata, suas garrafas,

seu sapato de borracha,

vão dizendo aos homens no sono

que alguém acordou cedinho

e veio do último subúrbio

trazer o leite mais frio

e mais alvo da melhor vaca

para todos criarem força

na luta brava da cidade.

 

Na mão a garrafa branca

não tem tempo de dizer

essas coisas que lhe atribuo

nem o moço leiteiro ignaro,

morador na rua Namur,

empregado no entreposto,

com 21 anos de idade, 

sabe lá o que é impulso

de humana compreensão.

E já que tem pressa, o corpo

vai deixando à beira das casas

uma apenas mercadoria.

 

E como a porta dos fundos

também escondesse gente

que aspira ao pouco de leite

disponível em nosso tempo,

avancemos nesse beco,

peguemos o corredor,

depositemos o litro...

Sem fazer barulho, de resto,

que barulho nada resolve

 

Meu leiteiro tão subtil

de passo maneiro e leve,

antes desliza que marcha.

É certo que algum rumor

sempre e faz: passo errado,

vaso de flor no caminho,

cão latindo por princípio,

ou um gato quezilento.

E há sempre um senhor que acorda

e resmunga e torna a dormir.

 

Mas esse acordou em pânico

(ladrões infestam o bairro!),

não quis saber de mais nada.

O revólver da gaveta

saltou para sua mão.

Ladrão? se pega com tiro.

Os tiros na madrugada

liquidaram meu leiteiro.

Se era noivo, se era virgem,

se era alegre, se era bom,

não sei, já é tarde pra saber.

 

O homem perdeu o sono

de todo, e foge prá rua.

Meu Deus, matei um inocente.

 

Bala que mata gatuno

também serve pra furtar

a vida de nosso irmão.

Quem quiser que chame médico,

polícia não bota a mão

neste filho de filho de seu pai.

Está salva a propriedade.

A noite geral prossegue,

a manhã tarda a chegar,

mas o leiteiro

esticado e ao relento

perdeu a pressa que tinha.

 

Da garrafa estilhaçada

no ladrilho já sereno

escorre uma coisa espessa

que é leite, sangue... não sei.

E entre objectos confusos,

mal redimidos da noite,

duas coisas se procuram,

suavemente se tocam,

amorosamente se enlaçam,

formando um terceiro tom

a que chamamos aurora.

 

É a Morte do Leiteiro, que o poeta dedicou a Ciro Novais. É um poema. É um conto. É uma legenda social impressiva, que só os grandes poetas conseguem construir.

 

 

 

 

 

.

 

 

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