Vestimentas alentejanas nos meados do século XIX
"Mulheres - camisas de linho ou algodão. coletes de linho ou de lã. Para os trabalhos e dias de semana: roupinhas de lã ou de chita, segundo a estação, saia de lã, meias de lã, sapato de couro branco, chapéu desabado. Para os domingos e festas: roupinhas e saia de chita, ou vestido inteiriçio, meia de linho ou algodão, sapato de couro preto, cabelo comprido, entrançado, pente da matéria, qualidade e grandeza quanto o permitem as possibilidades de cada uma, capotes compridos de pano ou de baetão, (há poucos anos, dez ou doze, eram curtos, pelo joelho pouco mais ou menos e ainda hoje os usam as velhas), lenço branco na cabeça para ir à igreja. A diferença mais sensível que se acha entre as mulheres alentejanas do povo baixo e as de igual classe e condição das províncias setentrionais é o usarem estas últimas cabelo cortado e pés e pernas descalços, quando muito uns socos e aquelas muito pelo contrário como se acaba de ver."
Consta das "Memórias da vila de Arraiolos", de Joaquim Heliodoro da Cunha Rivara.
Quem é Rivara?
Um arraiolense que viveu entre 1809 e 1879, do meio burguês, formado em medicina pela Universidade de Coimbra, mister que nunca exerceu tendo optado pelo ensino e pela bibliofilia, a par dum interessante empenho na investigação e estudo, no domínio da história e da etnografia. Foi director da biblioteca pública de Évora, foi eleito deputado da nação, cargo que interrompeu quando foi nomeado secretário do governador da Índia.
Pela parte paterna descende de avô italiano de Génova e de avó castelhana. Pela parte materna tem ascendência comum à minha, já que os seus 6ºs avós são os meus 12ºs avós - trata-se do casal João Anelho, almocreve de profissão e Antónia (ou Ana) da Silveira , ambos cristãos-novos naturais e moradores de Arraiolos.