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"Os ricos não são apenas indiferentes à pobreza, eles, criam e mantêm-na!"
No dia 19 de Maio de 1954, nos campos de Baleizão, foi assassinada a tiro por um guarda da GNR, uma operária agrícola de 28 anos, cujo "crime" foi pedir melhor salário. Chamava-se Catarina, o Alentejo a viu nascer... assim. a cantou José Afonso.
Lí há pouco um livro que comprei há já algum tempo - A Candidatura de Arlindo Vicente nas "Eleições" de 1958, de João Alves Falcato - Um daqueles livros/documentos que ficam a aguardar vez para serem lidos. A páginas tantas (216) deparo com uma revelação do autor que me comoveu (sou demasiado emotivo!) e, não quero deixar de partilhar.
Trata-se de um episódio ocorrido nessa campanha eleitoral em que para além do vice-almirante de má memória, foram candidatos Arlindo Vicente e Humberto Delgado, cujo final foi a desistência de Arlindo Vicente a favor de Humberto Delgado. Estabelecido o acordo entre ambos os candidatos, seria tornado público num comício em Almada. Deixando de fora outras explicações, refiro apenas as operações e bloqueios da PIDE mais PSP para impedirem a chegada a Almada do carro em que viajava Arlindo Vicente, que vinha de Beja. Já muito tarde nessa noite, depois de ter sido desviado/obrigado a ir para Lisboa pela ponte de Vila Franca, resolvem ir de barco para Almada. Acontece que no Cais do Sodré, deparam com uma barreira montada pela PSP.
Sobre o acontecido, conta João Alves Falcato:
Mas cabe aqui referir um caso curioso. Muito tempo depois estava eu de visita ao escritório do Dr. Arlindo Vicente, quando por lá apareceu um agente da PSP já com certa idade.Quando entrou e nos viu juntos quis então revelar o seu "segredo": fizera parte da força policial que pretendia impedir o nosso embarque para Cacilhas. Na estação do Cais do Sodré, só ele nos reconhecera dentro do carro, mas fingira não dar por isso e conseguira que os outros polícias não nos incomodassem.
Moral da história: Mesmo dentro do ventre da besta há também quem seja do contra!
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