O autor deste blog nasceu no dia 5 de Outubro. (também o seu neto Pedro nasceu num 5 de Outubro). Por essa razão há, desde 2004, uma dupla comemoração em casa.
Acontece que, como toda a gente sabe, ocorreu neste dia a implantação da República em Portugal, sendo que, o meu aniversário é sempre marcado por alguma reflexão republicana.
Acontece também que caminhamos para a comemoração do centenário da implantação da República. A partir de amanhã terá início um vasto conjunto de iniciativas a realizar ao longo de um ano. É por isso que insiro hoje no divagares uma modesta divagação sobre o assunto.
O carácter vitorioso da Revolução republicana deveu-se à ampla participação popular. Esta foi decisiva (como de resto o foi sempre em todas as revoluções) para o seu desfecho, que teve como consequência a mudança de regime e de política.
Que mudança política? A expectativa era grande se considerarmos os conteúdos programáticos do republicanismo (liberdade de associação, reunião e representação, liberdade de trabalho; regulamentação do trabalho de menores; desenvolvimento do cooperativismo; ensino elementar obrigatório, laico e gratuito; emancipação progressiva da mulher) mas cedo ficou claro que, em muitas áreas, a sua aplicação foi parcial e noutras as promessas não passaram da teoria, até mesmo quando legisladas, e os sectores reaccionários do republicanismo desempenharam com empenho o seu papel de defensores dos poderosos, reprimindo o movimento operário, usando até a violência extrema, matando.
Contudo, sempre os trabalhadores se levantaram e se bateram, quando a República correu perigo, em defesa dos ideais democráticos republicanos. Assim acontece hoje, pois são os trabalhadores quem verdadeiramente levanta a bandeira do 25 de Abril e se bate em sua defesa.