Balada do fumo negro
Balada do fumo negro
Eu te saúdo, ó fumo negro das fábricas
Eu te saúdo!
Aí onde maculas o azul
Onde rolas ao sabor da ventania,
Há homens que o carvão tingiu de negro
Homens verdes, brancos, amarelos
Homens cor do cimento e da ferrugem,
Homens sem raça!
Homens sem cor!
Eu te saúdo, ó fumo negro das fábricas!
Tu que és negro resíduo
Desse estupendo cadinho
Onde se fundem tragédias.
Eu te saúdo, ò fumo negro das fábricas!
Nessa raça de homens que não têm raça,
Nessa raça de homens que não têm cor.
Eu te saúdo
Pelos rostos banhados de suor,
Verdes, brancos, amarelos,
Cor do cimento e da ferrugem
Que o carvão risca de negro.
António Dias Lourenço, um Grande cidadão português, de quem se assinala presentemente o centenário do seu nascimento.