Mariana Torres, operária conserveira setubalense
Ontem, dia 8 de Março, que como todos sabemos é o Dia Internacional da Mulher, a cidade de Setúbal homenageou Mariana Torres (e, através dela todas as Mulheres setubalenses) assassinada em 1911 no decurso de uma greve, a mando das autoridades republicanas que, com o recurso às armas, da GNR e dos militares, tentavam travar a luta das operárias conserveiras em defesa dos seus direitos. Foi muito oportuna esta homenagem evocação. Só não compreendo o porquê de no busto a Mariana Torres ter os olhos vendados. A Mariana foi assassinada a tiro (e com ela um seu camarada). Olhos vendados é costume acontecer quando uma pessoa é fuzilada. Não foi o caso da Mariana Torres e do jovem servente conserveiro. Onde raio foi o autor, Jorge Pé Curto, inspirar-se para esta solução de Mulher vendada?
No caso de Mariana Torres, vale a pena ter presente quem é quem e que lugar ocupa cada um (uma), quando se trata de interesses de classe. Duas figuras de Setúbal, muito glorificadas por terem perfilhado os ideais republicanos - Paulino de Oliveira e sua mulher Ana Castro Osório, na sua qualidade de proprietários da indústria conserveira, tiveram uma postura claramente reaccionária. Não ficaram com as mãos limpas de sangue. É a luta de classes... Sobre isto são os historiadores quem tem o dever de falar e esclarecer.