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divagares

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25
Mar15

Os poetas não morrem?

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herberto_helder.jpg

Os poetas não morrem. Dizem algumas pessoas. Contudo, como qualquer ser vivente, os poetas morrem mesmo! O que diferencia a morte dos poetas da morte do chamado homem comum, que o mesmo é dizer mulher comum, é a Obra deixada, os seus poemas, marca indelével da sua passagem pela vida. Marca que vai continuar a ser lembrada, celebrada através dos tempos, porque Obra relevante. Já outros poetas que fizeram obra, todavia irrelevante, morrem e ninguém mais se vai lembrar deles. O que não morre após a morte física de um autor é a sua Obra.

Vem isto a propósito do finamento de Herberto Helder, aos 84 anos, um poeta maior da língua portuguesa, que usava a palavra como poucos o conseguem fazer. Um génio que nos deixou. Ontem foi lembrado por todos os seus amigos e admiradores. Junto-me hoje aos seus admiradores.

Quanto àquela máxima, os poetas não morrem, claro que percebo a metáfora.

Um poema cresce inseguramenteO

na confusão da carne,

sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,

talvez como sangue

ou sombra de sangue pelos canais do ser.

 

Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência

ou os bagos de uva de onde nascem

as raízes minúsculas do sol.

Fora, os corpos genuínos e inalteráveis

do nosso amor

os rios, a grande paz exterior das coisas,

as folhas dormindo o silêncio,

as sementes à beira do vento,

- a hora teatral da pose.

E o poema cresce tomando tudo em seu regaço

 

E já nenhum poder destrói o poema.

Insustentável, único,

invade as órbitas, a face amorfa das paredes,

a miséria dos minutos,

a força sustida das coisas,

a redonda e livre harmonia das coisas.

Herberto, por F.Campos.PNG

 

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